O Império Português foi o primeiro império global da história, com um conjunto de territórios repartidos por quatro continentes, sob soberania
portuguesa. Foi também o mais duradouro dos impérios coloniais europeus
modernos, sob o nome "Império Colonial Português" na primeira metade do Estado
Novo; abrangeu quase seis séculos desde a tomada de Ceuta em 1415 à
independência de Timor, em 2002
reconquista além-mar, visando primeiro a cristianização do Norte
de África e, só depois, buscando um caminho marítimo para o
Oriente alternativo ao Mare Clausum Mar Mediterrâneo,
dominado pelas repúblicas marítimas italianas, pelos otomanos,
pelos mouros e por piratas, no lucrativo comércio de
especiarias.
Os portugueses começaram por explorar a costa de África em 1419, com navegadores experientes servidos pelos mais avançados
desenvolvimentos náuticos e cartográficos da época,
desenvolvendo a caravela.
Após sucessivas viagens exploratórias, Bartolomeu Dias dobrou pela primeira vez o Cabo da Boa Esperança, entrando no Oceano
Índico a partir do Atlântico em 1488.
A chegada de Cristóvão Colombo à América em 1492 levou a uma negociação entre D. João II e o Reino de Castela. Como
resultado, foi assinado em 1494 o Tratado de Tordesilhas,
dividindo o Mundo em duas áreas de exploração: a portuguesa e a
castelhana, cabendo a Portugal as terras "descobertas e por
descobrir" situadas antes do meridiano que demarcava 370 léguas
(1.770 km) a oeste das ilhas de Cabo Verde, e à Espanha as
terras que ficassem além dessa linha.
Pouco depois, em 1498, Vasco da Gama chegou à Índia. Em 1500, numa segunda viagem para a Índia Pedro Álvares Cabral desvia-se
da rota na costa Africana e chega ao Brasil Nas décadas que se
seguiram os navegadores portugueses continuaram a exploração das
costas e ilhas da Ásia oriental, estabelecendo fortificações e
postos comerciais.
Em 1571 uma cadeia de entrepostos ligava Lisboa a Nagasaki, cidade fundada no Japão pelos portugueses: o império tornara-se
verdadeiramente global, trazendo no processo enormes riquezas
para Portugal. Em 1572, três anos após regressar do Oriente,
Luís Vaz de Camões publicaria a epopeia "Os Lusíadas", cuja
acção central é a descoberta do caminho marítimo para a Índia
por Vasco da Gama, imortalizando os feitos dos portugueses.
Apesar dos formidáveis ganhos no Oriente, o interesse por Marrocos não enfraquece. Em 1578 o rei D. Sebastião procurou
conquistar os territórios interiores, o que terminou na derrota
em Alcácer-Quibir, seguindo-se uma crise sucessória que resultou
na união com a coroa espanhola em 1580.
Mapa do Império Português no reinado de D. João III.
Inglaterra, a França e a Holanda, que tentavam estabelecer os
seus próprios impérios.
Entre 1595 e 1663 foi travada a Guerra Luso-Holandesa com as Companhias Holandesas das Índias Ocidentais e Ocidentais, que
tentavam tomar as redes de comércio portuguesas de especiarias
asiáticas, escravos da África ocidental e açúcar do Brasil Após
a perda de numerosos territórios, Portugal restaurou a
independência em 1640. Em 1654 conseguiu recuperar o Brasil e
Luanda, embora tendo perdido para sempre a proeminência na Ásia.
O Brasil ganhou assim importância no império, reforçada pela descoberta de grandes quantidades de ouro no fim do século XVII.
Com a chegada da Corte portuguesa em 1808, protegendo-se dos
exércitos de Napoleão I, passou a ser considerado um associado
ao Reino, com a designação de Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarves.
Com o reconhecimento da declaração de independência do Brasil em 1825, Portugal acentuou a expansão territorial no interior da
África, e a partir de 1870 teria enfrentar as potências
europeias para conservar o resto do seu fragmentado Império: as
ilhas de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe, a Guiné
continental, as costas da Angola e de Moçambique, as possessões
portuguesas nas Índias, Macau e Timor.
Em 1946, como política para evitar ser considerado uma potência colonial nos fóruns internacionais, na esperança de
preservar um Portugal intercontinental, o Estado Novo passou a
designar as colónias por províncias ultramarinas, considerando
que esses territórios não eram colónias, mas sim parte
integrante e inseparável de Portugal, como uma "Nação
Multirracial e Pluricontinental".
Em 1961 iniciam-se em África os confrontos da Guerra Colonial Portuguesa, que duraria até à Revolução dos Cravos em (1974),
resultando na independência das colónias em 1975.
O "fim" de jure do Império Português terá sido em 1999, quando Macau, último território sob a sua administração,
foi devolvido à República Popular da China. Pode-se ainda
considerar que este ocorreu em 2002, quando Portugal reconheceu
a independência de Timor-Leste, libertada da ocupação indonésia
em 1999.
Pode dividir-se a história do império português em períodos distintos:
- "Primeiro Império" (1415-1580): Descobrimentos e expansão em África e no Oriente, que terminaria com a
ocupação espanhola.
- "Segundo Império" (1580-1822): Com a perda de influência no Oriente o Brasil ganha importância.
- "Terceiro Império" (1822-1975): Após a independência do Brasil, África domina no Império Colonial Português.